sexta-feira, 27 de maio de 2011

História da Migração Trentina durante a Segunda Guerra Mundial


                                                     Por Fernando Falkoski (Campus Erechim)

Foi realizado no dia 19 de maio de 2011, na UFFS- Campus Erechim, o evento Migração Trentina durante a Segunda Guerra Mundial através dos Arquivos Autobiográficos, com a palestrante italiana Francesca Rimauro, acompanhada dos debatedores Dra. Thais Janaína Wenczenovicz  (UERGS – Campus Erechim) e Dr. Gerson Fraga (UFFS –Campus Erechim), coordenador do curso de História.

A partir do convite da professora Thais, foi programada a Semana de Migração Italiana, que possibilitou um espaço para que fosse organizada uma exposição fotográfica pelas alunas Bruna Gorete Mazzonetto, da Engenharia Ambiental e Lauriana Regina Menegatti, das Ciências Sociais. Além da exposição e da palestra, a semana contou com a projeção de um filme.

Rimauro iniciou sua fala sobre o Trentino, comparando sua região geográfica com a do Rio Grande do Sul. A historiadora pesquisa, por meio de arquivos autobiográficos, a migração trentina para a Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. A autora aponta que o primeiro desafio esteve na língua regional no trentino e ressalta que a migração ocorreu não somente em uma situação de busca de trabalho (o que é o padrão quando se fala de migração), mas realizada em um período muito específico da História Contemporânea. Muitos  trabalhadores trentinos viviam em uma situação de "semi-escravidão", quando não acabavam internados em campos de concentração se ousassem levantar a voz contra a situação opressiva em que se viam colocados. Outros pontos se deram na experiência trágica marcante a toda existência trentina em relação à guerra e suas consequências, como problema de identidade, de língua, dados extraídos pelos arquivos e cartas com histórias contadas  pelos contingentes de trabalhadores da época.

Francesca almejou, ao longo de sua palestra e de fontes históricas que estão disponíveis na internet (www.trentinocultura.net), diferenciar o trentino do restante dos italianos, valendo-se para isto de classificações presentes no "senso comum" do povo italiano. Fraga, como debatedor, ressaltou dois aspectos acerca do trabalho da palestrante: “primeiro, esta classificação das pessoas segundo um senso comum, como algo que nos remete ao positivismo, mas que é extremamente atual - basta pensar nos estereótipos sobre cariocas, gaúchos, nordestinos. Segundo, é importante pensar na realização de um trabalho abordando a Itália fascista e a Alemanha nazista no tempo presente, quando a Itália vive um período político de visível cunho conservador (para não dizer neo-fascista), sob o governo de Sílvio Berlusconi”.

Ao término de sua explanação, Francesca afirmou que se mostrou positivamente impressionada com o Brasil, com a juventude de nossos professores e com o fato destes serem "mais arejados" do que a média dos docentes italianos, classificados por ela, como “excessivamente conservadores e inacessíveis.”

Devemos observar nestes eventos sua importância para a instituição que passa a se mostrar como "uma casa com as portas abertas", promovendo a essência daquilo que possibilita ser o ensino universitário: uma grande troca de experiências e de conhecimento, enriquecendo culturalmente não somente aqueles que participam do evento, mas também o próprio palestrante e seus debatedores.  O professor Fraga complementa: “julgo ser sempre importante trazer pesquisadores, professores, pensadores, seja lá o que for, de fora da instituição. É bom ouvir pessoas diferentes, que trabalham com objetos diferentes, que vêm de lugares diferentes  e que tenham algo a nos dizer.”

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