terça-feira, 6 de novembro de 2012

Doutora da UFFS ganha prêmio de melhor tese

Por Vanessa Luisa Freiberger (Engenharia Ambiental/Erechim)

Nos dias 21 a 24 de outubro de 2012 aconteceu, no Rio de Janeiro, o 9º Simpósio Brasileiro de Geomorfologia com o tema específico sobre Ambientes Glaciais. Nessa ocasião, a professora doutora da UFFS Kátia Kellem da Rosa foi premiada pela União de Geomorfologia Brasileira com o título de melhor tese em Geomorfologia dos anos 2011 e 2012.

Imagem: a professora Kátia Kellem da Rosa em expedição. Fonte: arquivo pessoal.


A seguir uma breve entrevista com a Professora Kátia:

1. Professora, conte como foi o evento que aconteceu no Rio de Janeiro?

“Foi muito gratificante, pois o evento representa um reconhecimento dos pesquisadores da área sobre a relevância do tema abordado na Antártica. Este evento é importante para a comunidade científica nacional que desenvolve pesquisa e ensino em Geomorfologia. Além disso, o tema deste ano, que foi sobre Eventos Catastróficos, é de suma importância para toda a população do país, pois envolve questões como Energia, Sustentabilidade agrícola, habitação e mudanças nos sistemas ambientais decorrentes. Muitos dos eventos catastróficos discutidos durante o referido Simpósio, como os deslizamentos e enchentes, são comumente mostrados pela mídia. Outros eventos que podem ser discutidos são os eventos climáticos extremos que envolvem secas ou ainda fortes temporais. Estes desencadeiam prejuízos e necessitam ser considerados quando se planeja uma gestão de cultivos, por exemplo. Desta forma, é importante que estas questões sejam inseridas no debate nas Universidades, escolas e na comunidade em geral. É necessário que haja maiores integrações entre as pesquisas que vêm se desenvolvendo, para que assim, os planejadores e gestores possam também ser apoiados pelo crescente conhecimento sobre estes temas. Numa perspectiva de crescentes problemas socioeconômicos e ambientais e do baixo grau de resiliência apresentado pelas áreas urbanas e rurais no Brasil. Este evento promoveu importantes discussões”.


2. Como iniciou-se suas pesquisas no ambiente Antártico?

“Minhas experiências em pesquisa na Antártica começaram enquanto eu era bolsista voluntária e depois bolsista PIBIC no Centro Polar e Climático (CPC) da UFRGS. Naquele momento, me deparei com a existência de um ambiente bem diferente do que estava acostumada a conviver.

Minha primeira expedição à Antártica foi para a ilha Rei George em 2007, trabalhos de campos promovidos pelo CPC e pelo Programa Antártico Brasileiro. No primeiro contato, dá receio do que pode acontecer, pois é um ambiente dinâmico. Nossa equipe, com coordenação da Drª Rosemary Vieira e Jefferson Cardia Simões, pretendia investigar o ambiente recentemente exposto como consequência da retração frontal de algumas geleiras nas últimas décadas. As sensações em estar num local tão diferente são muitas... Uma paz e ao mesmo tempo uma vontade de descobrir mais sobre como aquele ambiente inóspito, perigoso e admirável.

Nas outras expedições, 2010 e 2011, acampamos junto a uma geleira. A geleira Wanda, localizada na Enseada Martel. Esta foi então minha área de estudo da tese. Como resultados evidenciados ao longo dos últimos anos de pesquisa tem-se a detecção de recentes mudanças ambientais nas geleiras da área de estudo. Revela-se, assim, dados importantes para a reconstrução do passado de retração das geleiras e também a geração de um Sistema de Informações Geográficas para futuro contínuo monitoramento da área de estudos.

Estudar estas áreas da Antártica é relevante para o Brasil, pois há uma série de interconexões climáticas que se evidenciam. E estas áreas próximas à Península Antártica são áreas sensíveis às mudanças climáticas regionais detectadas na área nas últimas décadas”.


3.Quem patrocina essas expedições?

“Os trabalhos de pesquisa que desenvolvo fazem parte de uma rede integrada de pesquisadores do Brasil e de outros países. Envolvem financiamento e participação do Centro Polar e Climático da UFRGS, o Instituto Nacional da Criosfera, o CNPq, o Proantar, o Lapsa (UFF), o Lacrio (FURG) entre outras Universidades”.


4. A UFFS participa desse projeto?

“Os projetos e os bolsistas da UFFS, campus Erechim, estão integrados no desenvolvimento das pesquisas e fazem parte do Grupo de Pesquisa Netap”.


5. Há previsão de nova expedição?

“As pesquisas envolvem muito trabalho. Nos últimos meses, passamos envolvidos em reuniões e preparação da carga, a qual já foi enviada para a nossa participação em Março de 2013, do campo em Fildes, ilha Rei George, Antártica. Nestas semanas, estamos envolvidos com uma sequência de exames preparatórios e de laudos médicos para a verificação das condições de saúde dos participantes. Também passamos nos preparando com estudo técnicos de reconhecimento do ambiente a ser trabalhado em campo. Como resultado da próxima expedição, poderão ser enumerados trabalhos finais de bolsistas e de monografias, além de artigos científicos a serem submetidos em revistas relacionadas ao tema”.


6. Que aspectos a levaram a escolher essa área para estudo?

“A temática polar foi inserida em minha vida após a convivência com pesquisadores do Centro Polar e Climático e com os trabalhos de campo, ainda na graduação. É um sentimento único em participar deste grupo de pesquisadores, mas as facilidades são poucas, é necessário muita dedicação, compreensão conjunta dos familiares e ainda uma pitada de incentivo especial: os meus alunos e sua vontade em descobrir o mundo”.

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