OPINIÃO
O Comunica inicia hoje a coluna Opinião, um espaço democrático de publicação de artigos autorais da comunidade acadêmica do campus Erechim. A coluna publica textos não apenas de bolsistas do projeto, mas de todos aqueles que desejam manifestar pontos de vista sobre a vida da UFFS.
A ocupação da UFFS e suas pautas
Andrei Vanin (acadêmico do curso de Filosofia)
O intuito do texto é tentar estabelecer um parâmetro de análise quanto à legitimidade da ocupação no campus da UFFS Erechim. Há alguns dias, um pequeno grupo de estudantes ocupa o saguão da Universidade Federal da Fronteira Sul no Campus Erechim. Segundo informações deste grupo, o motivo da ocupação era, no primeiro momento, reivindicar pelo aumento do valor do auxílio socioeconômico de R$ 400,00 para R$ 700,00. Somaram-se a essas pautas, a “contratação de uma assistente social para realizar as análises socioeconômicas, a antecipação do pagamento de auxílio, o restaurante universitário provisório, a contratação de mais professores (para as áreas de engenharia ambiental e agronomia), o uso de laboratórios, o acesso aos livros e as aulas de campo para agronomia e engenharia ambiental”.
Quanto ao valor do auxílio, há que se ressaltar que são chamados auxílios, porque sua função é auxiliar na permanência do estudante na universidade. Não é pagar um salário para o aluno estudar. Cobrar um auxílio no valor de R$ 700,00 é, no mínimo, uma pretensão exagerada, visto que as bolsas de pesquisas de órgãos como CNPq e CAPES estão balizadas no valor de R$ 400,00 - ver em <http://www.cnpq.br/web/guest/no-pais>. A reivindicação quanto à contratação da assistente social parece ser fato solucionado pela direção do campus, já que segundo esta esbarrava em questões apenas burocráticas.
Porém, as "questões burocráticas" parecem o “carro de discurso” da direção há pelo menos quatro anos - para isso, basta olhar para a questão do trevo de acesso ao campus definitivo da UFFS. Quanto à antecipação do auxílio, em tese, deve-se seguir as datas de pagamentos previstas no edital. Como as aulas começaram em março, de fato parece razoável o pagamento de auxílios já no mês de maio. Quanto ao restaurante universitário, existe um auxílio destinado exclusivamente à alimentação. Então, ou se pede por restaurante universitário, ou por auxílio alimentação. Visto que o campus definitivo ainda não se encontra pronto, é mais razoável pedir por auxílio alimentação do que por um restaurante universitário.
Quanto à contratação de professores, como informou a direção numa nota, já se está trabalhando para resolver o problema nos cursos de Engenharia Ambiental e Agronomia. De fato, a falta de professores está em questão na universidade há bastante tempo. Resta salientar que a formação dos acadêmicos não foi prejudicada diretamente pela falta de profissionais qualificados, visto que a formação do acadêmico não depende exclusivamente de professores ‘especializados’. Quanto ao uso de laboratórios, assim como da biblioteca, pode-se dizer que uma universidade que ainda se encontra em construção pode carecer de alguns materiais. É preciso, porém, se concordar plenamente que faltam materiais. A biblioteca tem referências mínimas e que os próprios avaliadores do MEC apontaram como insatisfatórias. Isso prejudica a formação dos acadêmicos, na medida em que faltam subsídios bibliográficos. Muitas das referências bibliográficas essenciais ainda não foram adquiridas, porque esbarram em questões burocráticas (como nos casos do trevo de acesso ao campus definitivo, da contratação da assistente social, do pedido de licença médica para professores, da construção do campus definitivo, na duplicação da BR que dá acesso ao campus, e tantas outras) . Há que se melhorar sim, mas é preciso um pouco de calma por parte dos calouros, especialmente para os que parecem mais preocupados em fazer movimentos de mobilização popular do que propriamente se deterem aos estudos.
Olhando para o perfil do movimento, ele é legítimo, pacífico e se auto intitula “democrático”. No entanto, a ocupação do saguão da universidade se deu sem a apresentação de uma pauta prévia e parece muito mais um movimento político, que quer aparecer para a mídia e para a universidade, do que propriamente se comprometer com os rumos da universidade, visto as pautas e a forma como essa minoria conduz o movimento. Se realmente algumas reivindicações fizessem sentido e fossem urgentes, mais acadêmicos estariam unidos ao movimento, não apenas a minoria que veio de outros estados, ou os que se identificam com uma causa política, na maioria das vezes pouco pragmática, e bastante utópica.
"De fato, a falta de professores está em questão na universidade há bastante tempo. Resta salientar que a formação dos acadêmicos não foi prejudicada diretamente pela falta de profissionais qualificados, visto que a formação do acadêmico não depende exclusivamente de professores ‘especializados’. " Só me responda: Depende de que então?
ResponderExcluirÉ, vejo em você um brasileiro que se contenta com um ensino "mais ou menos" mesmo. O que vale é o diploma e somente o diploma, não importa se você teve uma boa formação, o importante é se formar." Professores especializados" para um curso de engenharia? ahahahah pra que né? Se pra tudo tem um "tapa buraco" . É, realmente em uma coisa tenho que concordar com você, a formação dos acadêmicos talvez não seja prejudicada, mas a BOA formação eu tenho toda a certeza que sim.
ResponderExcluir"Se realmente algumas reivindicações fizessem sentido e fossem urgentes, mais acadêmicos estariam unidos ao movimento,[...]" O que não faz sentido é sua opinião sem fundamentos que acabo de ler!
ResponderExcluirCara, se a ideia da UFFS é só formar acadêmicos, então que a ordem dada pros professores é de dar uma aula qualquer, exigir nada dos alunos e apenas colocar as notas lá no final do semestre entre 6 e 10 pra todos os alunos, pronto, assim teremos acadêmicos formados. Agora se a ideia é formar bons profissionais, esbarramos na maior ignorância que eu já li aqui: "a formação dos acadêmicos não foi prejudicada diretamente pela falta de profissionais qualificados, visto que a formação do acadêmico não depende exclusivamente de professores ‘especializados’." Cara, não é qualquer professor que dá aula pras matérias específicas dos cursos. Chega a ser revoltante o que tu escreveu.
ResponderExcluirDesculpe minha ignorância mas em que mundo você vive meu caro? Se você e brasileiro como eu deve saber que nesse pais as coisas infelizmente só funcionam sob pressão. Se o povo se acomodar e achar que esta bom nunca muda. Cadê a estrutura do Campus Erechim para portar todos os acadêmicos ( de outro estado ou não)? Me responda! Esse pessoal que você diz 'calouros' teve a coragem que faltava pra organizar um movimento estudantil em prol dos nossos DIREITOS!!!
ResponderExcluirE sobre a demanda de professores, especialmente na area de Engenharia peço-lhe que se informe, converve com alunos e professores desse curso antes de qualquer pronunciamento.
Eu não entendo como alguém que não conhece a realidade dos outros, não sabe da estrutura necessária, e da estrutura disponível dos cursos atualmente, acredita no blá blá blá da direção desde que ingressou na universidade, ainda se atreve a emitir uma opinião, totalmente fora da realidade em que estamos passando no Campus, que por sinal não é só de hoje, vem desde o início da Universidade em 2010. O comodismo é uma praga que realmente corrói o povo brasileiro!
ResponderExcluirSó pra não perder a piada do momento: Sabe de nada inocente!
ResponderExcluirOpinião de quem acompanha a formação dos outros cursos de longe. Diferente do conhecimento que tenho da qualidade da formação da Eng. Tenho certeza que fomos prejudicados e posso inferir que houve mais cursos da UFFS que foram prejudicados e seriamente.
ResponderExcluirAndressa, a formação é um conjunto de fatores, fato que deixei explícito no texto, tanto é que apontei a falta de laboratórios e bibliografias. A crítica, e as opiniões que geralmente partem de argumentos ad hominem, como os seus, já seriam de ser desconsiderados. Se você pensa que sua BOA formação depende apenas de professores "especializados", no meu caso, minha BOA formação, que não foi em momento algum mais ou menos, como você acaba de afirmar, não foi diretamente prejudicada por falta de professores. Além do que, na engenharia, sempre faltou professores, ou a falta sintomática ocorreu esse ano?
ResponderExcluirVai se informar sobre a grade do curso e como se deu a distribuição dos docentes até aqui.
ExcluirTati, se minha opinião não faz sentido, como muitas das reivindicações de vocês não fazem para mim, simplesmente desconsidere-á, e tenha um ótimo ano letivo na instituição.
ResponderExcluirJoão Poletti, em momento algum meu texto afirmou que a UFFS quer apenas formar acadêmicos. Se no seu curso os seus professores não se preocupam com a boa formação, ou porque simplesmente dão nota de 6 a 10 ou não cobram e não sabem o conteúdo, então o problema é com seus professores. Não desmereça todos os professores da UFFS, porque há profissionais gabaritados e que se preocupam com o ensino. No caso da Engenharia, realmente esse ano faltam professores de matérias específicas, mas você, assim como os demais, considera apenas um parágrafo do texto, o que de fato prejudica seu contraponto ao meu texto. Ter profissionais que dominam o conteúdo que irão trabalhar é essencial, mas não se deve entregar toda a responsabilidade para eles, já que a formação depende de um conjunto de fatores, inclusive dos acadêmicos.
ResponderExcluirVanessa, eu vivo, espero eu, no mesmo planeta que você. Quanto a estrutura, meu texto deixou explícito, que várias coisas estão atrasadas e que o "carro de discurso" da direção é a burocracia o que é um blá, blá que se arrasta a quatro anos. Quanto a engenharia, você não pode emitir um juízo qualquer dizendo que não estou informado, já que você se refere a um argumento ad hominem, assim como eu não fiz referência a nenhuma pessoa exclusivamente no meu texto. Penso que o problema, talvez seja, pensar apenas no seu curso, e super valorizá-lo, desconsiderando os demais.
ResponderExcluirSamoel Bavaresco, assim como você pode me considerar inocente e desconhecedor da sua "realidade" posso te considerar inocente e desconhecedor da "realidade" de outros cursos. Mas sabidamente, isso é emitir um juízo que simplesmente não leva a nada, já que você também me considerá um acomodado, e nem sabe o que penso, o que estudo, o que faço e o que defendo e se acredito no blá blá da direção. É ótimo saber que você não esta sendo corroído pela praga do comodismo, talvez sua relevante parcela de contribuição para a sociedade brasileira, faça com que ela mude, para melhor, é claro. Se você leu o texto, e não apenas os comentários como parece, deve ter percebido que deixei explícito que falta estrutura, livros, laboratórios, e etc, etc... e que a direção fica no blá blá da burocracia. A piada é muito boa, ri muito aqui, porque na verdade, as vezes prefiro não saber mesmo, já que você sabe exatamente no que acredito, no que penso e sabe ainda que sou um acomodado hahaha. Só para não perder a piada, meu caro
ResponderExcluirBruno Venturim, de fato acompanho a formação dos outros cursos de longe, já que curso apenas um. Se você tem a graça de transitar pela grande maioria dos cursos, sorte a sua, e espero um texto, que "infira" todos os prejudicados pela falta de professores e que mostre que a formação dos engenheiros da universidade, esta seriamente comprometida.
ResponderExcluirMe coloco aqui para apresentar minha opinião em relação ao texto. Sou simpatizante do movimento FAE, porém não tenho legitimidade para falar pelo movimento, sendo ela, FAE, representante das vontades dos alunos e não de vontades próprias, trago meu conhecimento em relação a causa, tentando elucidar questões cujo o pleno entendimento não encontra-se pacificado.
ResponderExcluirA FAE surgiu das necessidades que se apresentaram, por si só, aos calouros matriculados nesta universidade. Na falta de um coletivo atuante em prol dos estudantes, naquele momento, formou-se este, FAE. Cuja finalidade é atuar em favor aos estudantes, não de determinado grupo, como muito foi falado. A FAE é uma ferramenta que vem para defender e representar o corpo discente, atuando única e exclusivamente em favor dos interesses destes.
Os interesses destes, por coincidência, vêm a serem os mesmos princípios que servem de base à formação e administração desta universidade. Os anseios são a qualidade de estudo, o combate à evasão escolar, a integração da universidade ao meio social regional.
Em momento algum se deu importância aos anseios de determinando curso, em detrimento a outro. A falta de docentes não se dá apenas nos cursos de Engenharia Ambiental e Agronomia, em nossas conversas e nas notas veiculadas, se lidas atentamente e com visão não viciada, percebe-se a importância dada ao corpo discente num todo. Estes cursos foram os que quantificaram e apresentaram tal necessidade, bem como as demais dificuldades encontradas.
A FAE se apresenta como uma entidade de representação, não vinculada a assuntos ou influencias partidárias, dai seu caráter autônomo, e de ação exclusiva nos interesses dos alunos. Deve salientar-se que é um movimento político, pois não há uma coerência em se falar sobre democracia sem falar de forma política. Não há como falar em condições e qualidades aos alunos sem falar de forma política. Não se pode falar no trevo de acesso, no campus definitivo sem falar de forma política. Democracia é uma forma política, é um assunto político, da mesma forma uma conversa mesmo que informal entre amigos é questão e objeto de política.
A FAE é um espaço democrático, todos são bem vindos, buscamos entender o que falta, buscamos entender o que está errado, digam-nos, ouçam-nos, e cessem suas dúvidas, cessem nossas dúvidas, e cresçamos como um todo.
Eu me coloco a disposição daqueles que tiverem dúvidas sugestões e comentários a fazer, somos um movimento de estudantes para estudantes, toda conversa ou contato é enriquecedor, procurem-nos.
Apenas relembrando que não sou a FAE, não possuo legitimidade para falar em prol desta. Este é o meu conhecimento em relação á ela, dúvidas que venham surgir estou a disposição para tentar solucionar.
Andrei, excelente texto!
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