domingo, 14 de dezembro de 2014

A Erechim que queremos: verticalização x horizontalidade



Elis Regina Stadtlober

Ellen Biavatti

Janieli Andressa Ponsoni

(Acadêmicas do curso de Arquitetura e Urbanismo - UFFS/Erechim)



Buscando as origens de nossa cidade nos deparamos com os princípios positivistas que nortearam a configuração de Erechim, cidade planejada sob coordenação do Engenheiro Carlos Torres Gonçalves que propôs uma malha viária em grelha sobre a qual dispôs quatro vias diagonais que partem da praça central simbolizando a concentração do poder como prevê os ideais positivistas... origem esta declamada e carinhosamente lembrada por todo erechinense que preserva apreço e interesse por esta amistosa cidade do norte gaúcho. 

Passados 100 anos da então proposta de projeto para a Sede Geral na Estação Paiol Grande, temos hoje uma cidade já consolidada e que se estende para muito além destas vias na ocasião propostas. Nossa cidade se desenvolve e cresce a despeito de qualquer ordenação viária e se configura domada apenas pelos preceitos do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental, e somente quando se pretende como formalizada e legal junto a Prefeitura da cidade. Para muitos o Plano Diretor municipal é mesmo um limitador, uma barreira perante as ilimitadas possibilidades construtivas e possibilidades econômicas que um empreendimento imóvel permite. Mas para além de uma barreira, é um documento que fornece diretrizes que garantem o bem estar da população, é ele que pode manter uma boa permeabilidade do solo que venha evitar alagamentos na cidade por exemplo, é ele que preza por uma boa iluminação e ventilação das habitações definindo recuos mínimos ou a área mínima de aberturas, e para além destes detalhes construtivos que muitos proprietários abdicam, é o plano diretor quem configura a ocupação do solo erechinense e molda nossa cidade através de “limitações construtivas”. 

Nos últimos anos tem-se percebido uma ocupação cada vez mais periférica da área urbana municipal. Esta ocupação, incentivada pela ampliação do perímetro urbano através da Lei Municipal nº4.729/2010, se dá principalmente pela edificação de habitações unifamiliares em Loteamentos habitacionais que se proliferam em áreas cada vez mais distantes e por vezes desassistidas de infraestrutura urbana como pavimentação viária, iluminação e transporte público. Este processo de ocupação resulta em uma morfologia cada vez mais horizontal da cidade,subutilizando e encarecendo áreas mais centrais e de infraestrutura consolidada enquanto se esforça para levar condições de habitabilidade para os loteamentos distantes. 

O questionamento ao qual este artigo se propõe é: Podemos interferir nas diretrizes ocupacionais no município de Erechim? A possibilidade de verticalizar o centro da cidade poderia de algum modo frear esta ocupação horizontal para a qual nos conduzimos? Afinal, queremos uma cidade mais vertical, com grandes arranha-céus que nos privam da luz natural ou uma cidade horizontal, de grandes distâncias a serem percorridas? Temos opções de escolha ou devemos nos deixar levar pelo “desenvolvimento” das cidades ora ditados pela legislação municipal, ora guiados pelos interesses privados?



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