Nada disso. É o espacinho para o Mr. Prozczinski, colaborador do Comunica lá da Hungria, trazer novidades musicais — e nem tão musicais — do além-mar.
MELODIAS MELÓDICAS
Leonardo de Carvalho Prozczinski (Arquitetura e Urbanismo – UFFS)
Já faz três anos desde que o “The War On Drugs”, grupo de “indie-rock” formado na Filadélfia, lançou seu segundo álbum de estúdio, Slave Ambient (2011), que na época entonava uma inquietação exuberante propiciada pela psicodelia única de arranjos envolventes aliados a um embalo ao melhor estilo “country-rock”. De lá pra cá, o grupo liderado por Adam Granduciel vinha colhendo os frutos do que, até então, se imaginava ser o ápice da banda. Até que, em 2013, o “The War On Drugs” anunciou que já estava trabalhando no seu terceiro álbum, intitulado Lost In The Dream, que viria a ser lançado este ano.
The War “On Drugs” |
O disco, como seus antecessores, carrega uma clara influência “filadélfica” do “country-folk” norte-americano que Granduciel abraçou desde quando deixou Massachusetts para trás. As influências daquele rock sujo que outrora Bruce Springsteen e Tom Petty já cantaram nos anos 80, agora mesclam-se com os embalos ditados por Dylan nos anos 60, com um lento e suave vocal aliado a um ritmo ativo de guitarras, e o toque atual de sintetizadores embebedando ainda mais essa mistura — o que resulta num som absolutamente dançante e agradável mesmo aos ouvidos mais críticos.
Under The Pressure, faixa inaugural de Lost In The Dream, apresenta o perfeccionismo já conhecido da banda, seja nos dedilhados de guitarra ou no pulso dos sintetizadores. Ao ouvir a faixa, fica claro o que o “The War On Drugs” está prestes a apresentar na sequência do álbum: composições elaboradas embalam o disco morosamente, edificando o que é a nova cara do grupo.
Em seguida aparece Red Eyes, a faixa de trabalho que recentemente ganhou um clipe; sem dúvida a mais animada e arrepiante, contrasta os diversos acordes de guitarra com versos melancólicos, retratando um drama amoroso que permeia o álbum – drama esse que logo em seguida tem sua parte mais sombria em Suffering, terceira faixa do álbum.
Os melódicos versos de Granduciel entram em harmonia com o ritmo envolvente dos instrumentos, enquanto o vocalista brada sua solidão, parecendo narrar uma “viagem sem fim em um dia chuvoso numa estrada abandonada. No álbum, o final de uma faixa sempre embala o ouvinte para o início da próxima, fazendo crescerem os estímulos e, até mesmo, uma certa ansiedade para o que está por vir. Como toda bela obra concisa, não há exageros. Nada é gratuito. Contudo, há de se conceder a Lost In The Dream o tempo que um álbum completo em todos os sentidos pede. Tempo esse que é recompensado, superando a difícil tarefa de estar à altura de seu antecessor.
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