Por Vanessa Luisa Freiberger (Engenharia Ambiental)
Dirceu Benincá é mestre e doutor em Ciências Sociais pela PUC/SP, com estágio no Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra/Portugal; especialista em Comunicação Social, graduado em Teologia e licenciado em Filosofia. Sua atuação e estudos envolvem as áreas de teologia, história regional, comunicação social, movimentos sociais e meio ambiente. Atualmente, Benincá é Diretor Administrativo do campus Erechim.
Benincá respondeu perguntas pertinentes a sua obra Energia e cidadania: a luta dos atingidos por barragens, a fim de ressaltar pontos e fatos que o levaram a escrever o livro.
Comunica: O livro "Energia e cidadania", último lançamento do senhor, chega à população da região com qual intuito? Quais são as expectativas de aceitação e discussões sobre a obra?
Dirceu Benincá: O objetivo do lançamento desse livro é colocar à disposição do público interessado uma parte do estudo realizado durante meu doutorado em Ciências Sociais, na PUC/SP. A pesquisa aborda o tema das barragens e seus impactos, bem como as principais formas de organização, resistência, reivindicações e proposições do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) ao longo dos últimos 20 anos.
Espero que o trabalho contribua, de algum modo, com os atingidos direta ou indiretamente por esses empreendimentos, na luta que desenvolvem pela garantia de seus direitos de cidadania. Ficarei satisfeito também se a obra despertar debates na universidade, entre os movimentos sociais ou em outros espaços e ajudar a entender a lógica do atual modelo energético e de desenvolvimento e as visões alternativas de desenvolvimento social e preservação ambiental.
Comunica: Como e com que métodos o senhor escreveu o livro?
Dirceu Benincá: A obra é resultado de três anos de pesquisa e estudo acadêmicos. Para a sua elaboração, busquei fundamentação em extensa base bibliográfica e documental. Recorri às fontes primárias, realizando mais de 30 horas de entrevistas com grande número de pessoas, sobretudo membros da coordenação nacional do MAB, atingidos por barragens na bacia do Rio Uruguai, no Vale do Ribeira/São Paulo e em Porto Velho/Rondônia, bem como com professores e estudiosos do tema em diversas universidades brasileiras e na Universidade de Coimbra/Portugal.
Comunica: A obra apresenta fatos ocorridos?
Dirceu Benincá: A pesquisa é totalmente voltada para análise de situações reais que ocorrem desde o anúncio da construção de barragens, passando pela fase em que as obras são feitas e chegando ao período de funcionamento das hidrelétricas. Muitas vezes são vistos apenas os aspectos da necessidade e utilidade da energia elétrica e são ignorados ou subestimados os impactos sociais, ambientais e simbólicos que as barragens provocam. Isso quando não se criminalizam os movimentos sociais que lutam legitimamente para que a água e a energia sejam tratados como direitos de todos, não como mercadoria de exploração capitalista e estejam a serviço da vida e não da morte.
O Comunica agradece a disposição do professor Benincá e indica a leitura do texto para aqueles que se interessam sobre os debates acerca da cidadania e do apoderamento dos movimentos sociais.
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